Economistas e empresários concordam que o fim da chamada cobertura cambial, a obrigação das empresas converterem em reais os dólares de suas exportações, não é de fundamental importância a curto prazo. O projeto de liberalização do mercado de câmbio, que será discutido no Senado, quando colocado na balança, apresenta mais desvantagens que benefícios.
A principal preocupação dos economistas é que a liberalização dificultaria a tarefa do Banco Central de acumular e manter as reservas internacionais em volume adequado às necessidades do balanço de pagamentos. É que sem o controle do volume de moeda estrangeira no país, o banco não conseguiria regular o mercado, como vem tentando fazer freqüentemente, por meio, por exemplo, de leilões de compra de dólar.
“O novo projeto dá a liberdade da empresa abrir uma conta corrente em moeda estrangeira em qualquer banco, sem precisar fazer os registros exigidos hoje pelo Banco Central. Assim, o BC perderia a capacidade de programação do setor externo, ou seja, de avaliar o que entrou e saiu de moeda no país”, explicou o economista Antônio Eustáquio Gomes de Souza, consultor econômico de diferentes empresas e do Sebrae.