Os Estados Unidos são prioritários para os latino-americanos. O Brasil não é. Essa realidade, teimosamente ignorada ou menosprezada pelo governo brasileiro, foi mais uma vez confirmada por um trabalho do Ciesp – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Segundo esse estudo, o governo peruano deu tratamento mais favorável aos Estados Unidos do que ao Brasil em seus acordos comerciais. A constatação, nada surpreendente, foi comunicada ao Itamaraty, para que a diplomacia brasileira, se estiver disposta a ser um pouco mais afirmativa diante dos vizinhos, tome alguma atitude. Pelo acordo concluído em abril, o governo peruano garantiu liberação imediata a 5.588 produtos americanos. No caso do Brasil, concessão similar vale apenas para 605 produtos. No décimo ano, será franqueada a entrada de apenas 561 produtos originários dos Estados Unidos e de 5.822 exportados pelo Brasil. A inversão dos critérios é evidente, assim como a desvantagem para as empresas brasileiras.