“Convidaram um piromaníaco para entrar em uma casa que já não ia bem.” Foi assim que Peter Hakim, presidente do Inter American Dialogue, definiu a entrada da Venezuela no Mercosul. Segundo Hakim, que participou do seminário Políticas Comerciais Comparadas, promovido pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o Mercosul já vinha capenga, com uma série de “regras incompletas e vagas que freqüentemente são desobedecidas”. A entrada da Venezuela no bloco, para Hakim, só piora a situação.
O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer engrossou o coro de críticas ao Mercosul e à adesão da Venezuela ao bloco. “A incorporação da Venezuela de Chávez representa uma enorme dificuldade para o funcionamento do Mercosul e para as negociações com a União Européia, por exemplo”, disse Lafer. “O Mercosul tinha uma leitura política, de um bloco com cláusula democrática, com histórico de respeito aos direitos humanos – isso dava uma legitimidade ao Mercosul.” Segundo Lafer, Chávez não agrega essa qualidade à dimensão que o Mercosul tinha.