A Mongólia é um país sem acesso ao mar onde o rebanho supera em número as pessoas na proporção de pelo menos 12 para um. O país aderiu à Organização Mundial de Comércio (OMC) em 1997, interessado, entre outras coisas, em exportar mais cashmere e carne. Mas, segundo Damedin Tsogtbaatar, do Instituto de Estratégia Desenvolvimentista da Mongólia, o país investiu mais do que recebeu da OMC. Os mongóis “adotaram, ironicamente, um caminho quase budista de auto-aperfeiçoamento e bom comportamento em relação à OMC, sem considerar se outros países faziam o mesmo”.
Ah, se os maiores membros da OMC pudessem dizer o mesmo… Tivessem eles cobrado mais de si mesmos do que de seus concorrentes, poderiam ter salvo a rodada Doha de negociações comerciais, suspensa indefinidamente em 24 de julho. Em vez disso, as grandes potências comerciais – EUA, União Européia (UE) e Japão – poderão agora focar suas energias na negociação de acordos bilaterais ou com blocos regionais. Já há centenas de acordos “preferenciais” desse tipo, todos minando o princípio da OMC de “não-discriminação”, ao favorecer as exportações de alguns membros em detrimento de outros.