Com o encarecimento de custos logísticos como o frete e o aluguel de contêineres para a exportação, o ganho do exportador brasileiro ficou praticamente estagnado em uma década, mesmo com a forte desvalorização do real nesse período. Na prática, o empresário viu a perda de valor da moeda – uma cobrança tão recorrente da indústria – ser corroída pelo aumento de custos externos e internos.
Segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), na comparação entre o acumulado de janeiro a novembro de 2022 e o mesmo período em 2012, a rentabilidade das exportações cresceu apenas 7,3%. No caso da moeda, cada dólar custava, em média, R$ 1,95 há uma década e, em 2022, estava em R$ 5,15.
“Depois do início da covid, houve uma tendência de alta dos preços dos produtos que o Brasil exporta e uma depreciação do real, mas o custo corroeu todo o ganho dessas duas variáveis”, afirma Daiane Santos, economista da Funcex e autora do levantamento.
A pandemia de covid-19 provocou uma desorganização do comércio internacional, com interrupção nas cadeias globais de fornecimento. O resultado foi um aumento dos custos de se fazer negócio entre os países, com preços mais altos de insumos e commodities. Frete e aluguel de contêineres também integram esse pacote.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no ano passado 90% de todas as importações brasileiras foram compostas por insumos, bens intermediários e bens de capital. No levantamento mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado em dezembro, a participação de insumos importados chegou a 24,3% do total utilizado pela indústria. Em 2019, correspondia a 22,7%.
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