O retorno das atividades comerciais após meses de paralisação devido à pandemia da Covid-19 veio mais forte do que o translado de mercadorias por contêineres e navios estava preparado para suprir, elevando o preço dos fretes e aumentando os prazos para a exportação e importação de produtos.
Por causa disso, na semana passada, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enviou um ofício ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, pedindo ações de curto prazo para resolver esses problemas. A carta foi assinada também por entidades do setor.
A falta de contêineres é motivada, principalmente, pela alta demanda nos grandes portos exportadores, como Ásia, Estados Unidos e a Europa, que atraem os armadores por serem mais rentáveis comparado a outros países, como o Brasil, explica Wagner Rodrigo Cruz de Souza, diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC).
Souza diz que, no auge da pandemia, estas nações não estavam exportando com a intensidade atual e, portanto, o Brasil não tinha problemas. Agora, a concorrência acirrada acabou levando mais contêineres e navios para essas outras rotas.
Além disso, devido à queda nas compras e vendas, o setor de contêineres deu um freio na produção desse material durante a pandemia. Com o reaquecimento da economia mundial, este fornecimento não consegue ser feito rapidamente, diz Thiago Pera, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
Esses empecilhos se somam a problemas antigos. Segundo representantes do setor, existe ainda a falta de estrutura nos portos para atender à demanda. Como exemplo, é dado o caso das plataformas que não são adaptadas para contêineres que medem 40 pés, apenas para o tamanho menor, que é o de 20 pés.
E também não há otimização no uso do espaço, com o trânsito de embarcações que não estão operando em seu potencial máximo, devido às inúmeras solicitações de contratação dos fornecedores.
Em julho, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou que entre 128 empresas e associações industriais, mais de 70% relataram sofrer com a falta de contêineres ou navios e mais da metade passou por cancelamento ou suspensão de viagens programadas. Clique para Visualizar